O boletim da Polícia Militar (PM) traz uma versão do acusado contestada por evidências. A farmacêutica Daiane Vogt, 43 anos, estava deitada e seminua no quarto do casal, com marca de lesão na nuca e peito, supostamente por uma faca que foi encontrada na sua mão direita. Além disso, havia uma tesoura com marcas de sangue no banheiro e a Polícia Científica encontrou respingos de sangue em outros cômodos.
A PM foi acionada na manhã desta segunda-feira (04/09) em apoio ao Corpo de Bombeiros na rua Paulo Wiese – bairro Campo da Água Verde em Canoinhas. Inicialmente, seria um caso de suicídio, com base na versão do namorado que morava com Daiane. Ele ligou para a mãe da vítima e disse que a mulher se trancou no quarto na noite anterior e não atendia nem ligações e nem respondia mensagens.
O estado do corpo, em rigidez, indicou a morte ter ocorrido a certo tempo, segundo a PM. O namorado disse ter saído com a mulher no domingo, numa chácara de amigos e retornaram para a residência por volta das 18h. Ele foi até a casa de seu pai e a mulher ficou em casa vendo TV. Depois, ao retornar, eles teriam conversando até por volta das 22h15. O acusado ficou dormindo no sofá e a vítima teria se trancado no quarto.
O namorado ligou nesta segunda-feira, por volta de 10h, para a mãe de Daiane, dizendo que “estava preocupado com ela, pois estava trancada no quarto desde a noite de ontem e não respondia ligações nem mensagens”. Os indicativos iniciais contrastavam com a versão de suposto suicídio, com uso de uma faca. A mulher estava deitada e com lesão acima do seio direito, com pouca quantidade de sangue ao redor.
O sangramento estava concentrado “debaixo das costas e atrás da cabeça”, depois pela Polícia Científica, “constatado uma grave lesão na parte posterior do pescoço, logo abaixo da região da nuca”, por faca ou até tesoura, achada no banheiro. Além de respingos de sangue no chão, em cômodos da casa e banheiro. Isso pode indicar ferimento anterior ao causado pela faca que estava na mão da vítima, do mesmo lado do corte no peito.
“Foi indagado várias vezes ao homem sobre as circunstâncias do ocorrido, sendo repetido por ele que, teria dormido no sofá e encontrou o corpo somente hoje pela manhã”, ressalta o boletim da PM. Outra situação suspeita é uma ligação por socorro feita aos bombeiros, na noite de domingo, indicando ferimento por arma branca e cancelado o atendimento logo em seguida pelo solicitante que iria socorrer “ a vítima por meios próprios”.
“Todas essas informações levantadas, quando confrontadas com a versão do homem, são negadas por este, que alega não ter feito ligação, que não sabe sobre tal circunstância, que afirma o relato dado a guarnição no primeiro momento, mesmo diante de todas as circunstâncias e provas em contrário”, cita a Polícia. Contudo, esse levantamento prévio, o sangue respingando, a tesoura e o chamado sustentaram a prisão do suspeito.
“Diante de todos os fatos, circunstâncias e informações apuradas, foi constatado que se tratava de um caso de Feminicídio, sendo assim, foi dada voz de prisão ao homem e conduzido até a Delegacia de Polícia para as demais providências”, completa o boletim da PM. Somadas da investigação da Polícia Civil “para resolução do caso”. Daiane Vogt era natural de Canoinhas, formada em Farmácia.
Ela trabalhou em diversos locais da região, tanto em Canoinhas quanto em Três Barras, e litoral. No retorno para a cidade natal, morava na casa cedida pela mãe Terezinha, a aproximadamente um ano com o namorado, principal suspeito por sua morte. O sepultamento da farmacêutica, que era mãe de um filho, ocorre na manhã desta terça-feira (05/09) em Canoinhas, no Cemitério Municipal.
Da redação com informações da PM e imagem/reprodução redes sociais da vítima.
