City of Life and Death (Dica de Filme)

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Filmes de guerra, há tempos, já não são lá muito populares. Parece que temos optado pelas canções de amor, afinal, de destruição e morte estamos todos bastante fartos, certo?

Mas é fato que essa temática, além de nos proporcionar importante conhecimento histórico, também rende momentos de adrenalina, tensão, diversão (?), catarse… Enfim, eu diria que é muito difícil ficar indiferente a um bom filme do gênero. E esse é um problemão: são poucas as recentes produções com bom orçamento e boas histórias para entregar ao público algo realmente de qualidade. Desde O Resgate do Soldado Ryan, de Spielberg, quantos filmes (bons mesmo) de guerra você já assistiu? Talvez você lembre de Cavalo de Guerra, Até o Último Homem, Dunkirk,  ou os mais recentes 1917 e Nada de Novo no Front… Lembrou de mais algum?

Mas, entre produções não tão conhecidas como as citadas acima, podemos encontrar verdadeiras pérolas. Basta saber garimpar. E é o que acontece com a película do cineasta chinês Chuan Lu. O longa, de 2009, nos surpreende saindo um pouco da temática nazista – apesar de ser um capítulo daquele conflito – abordando a invasão do Império japonês à cidade de Nankim (Nanjing) na China, na chamada Segunda Guerra Sino-Japonesa, em 1937.

Com direção e roteiro de Chuan Lu, temos um filmão de mais de duas horas de duração, mas são duas horas que voam. Eu diria que o correto é dividir o filme em dois capítulos, ou duas partes, se preferir. Na primeira, os chineses resistem, bravamente, à invasão nipônica. A trama é centrada nos combates, e podemos perceber que um bom orçamento foi utilizado, pois as cenas são muito bem filmadas, não deixando nada a desejar ao já citado e consagrado Spielberg. A opção de fazê-lo em preto&branco, dando um ar retrô, caiu muito bem. As atuações convencem com sobra. Há poucos diálogos porque a ação é frenética e incessante. Como alguém vai conversar em meio àquela confusão? Essa primeira parte é bastante brutal, mas está apenas preparando o espectador para o segundo ato, que consegue sê-lo ainda mais.

A partir do momento em que a cidade cai e é tomada, em definitivo, temos a narrativa que nos conta o que e como foi um dos maiores crimes de guerra já registrados em nossa triste história humana. A população de Nankim, agora feita refém, passa por toda a sorte de atrocidades que são os ingredientes de uma guerra: Execuções, assassinatos, torturas, estupros… À medida que vamos acompanhando o desenrolar da narrativa, e tendo ciência de que aquilo tudo realmente aconteceu, somos tomados por uma série de sensações e sentimentos: indignação, raiva, tristeza, ódio… Não deveríamos nutrir tais sentimentos, eu sei, mas acredito ser mais errado ainda – além de impossível – manter-se impassível a tudo aquilo.

Como deveríamos reagir ao ver seres humanos, já dominados e indefesos, sendo enterrados vivos? Ou fuzilados covardemente? As atrocidades mostradas em City of Life and Death (Nanjing! Nanjing!, em seu título original) realmente aconteceram nesse evento, e em tantos outros estúpidos episódios da nossa história, e estão acontecendo também agora, na Faixa de Gaza, na Ucrânia, e em dezenas de outros conflitos que, atualmente, acontecem mundo afora e que, muitas vezes, nem tomamos conhecimento.

Muito bem! Depois de feitos tantos alertas do conteúdo encontrado na produção de Chuan Lu, acredito que o leitor desta breve resenha já está advertido do que vai encontrar aqui. Talvez não seja recomendado a pessoas mais sensíveis, afinal falamos de um dos maiores massacres da nossa história recente. Mas precisamos conhecer nosso passado. Os registros do número de vítimas não são precisos, mas há quem diga que até 300 mil pessoas tenham sido mortas durante aquelas seis semanas. Não espere um filme bonito, não tem como ser um filme bonito. É muito bem feito, e isso é bem diferente. A produção, como um todo, é realmente muito boa mas, ao mesmo tempo, é bastante desconfortável e perturbador saber que coisas assim aconteceram – e acontecem – porque sempre existirá ganância e ânsia de poder, por parte de personagens que, no entanto, não aparecerão nas telas. Esses, os verdadeiros vilões, sentam-se em suas confortáveis e seguras salas e esperam o resultado, de preferência favorável, de sua insanidade em busca de poder e glória.

Recomendadíssimo! Nota 11 porque penso um 10 até seja injusto!

(Sérgio Kuns)           

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